sábado, 11 de agosto de 2012

 MUSEU DA TOLERÂNCIA

FICHA TÉCNICA

arquitetos: Alexandre Brasil, Bruno Santa Cecília
prêmios: 3° lugar em concurso público nacional
local: São Paulo, SP, Brasil
concurso: 2005
projeto: 2005

·      MEMORIAL DESCRITIVO

·         ASSENTAMENTO E ORGANIZAÇÃO ESPACIAL: A TÉCNICA COMO ELEMENTO FUNDADOR DO LUGAR
A ação inaugural que demarca positivamente o território e define os espaços do Museu da Tolerância realiza-se a partir de três grandes gestos construtivos rigorosamente coordenados. Primeiramente, o solo é escavado e contido, gerando o espaço necessário para a futura ocupação. Desse vazio ergue-se um edifício de estrutura autônoma que abriga: em subsolo, as áreas de exposição; ao nível do solo, as áreas publicas e de convívio; e, elevados, os ambientes de trabalho e estudo. Por fim, os planos de fechamento e vedações externas são agregados a essa ossatura, conferindo o aspecto final do edifício.
A partir dessa definição inicial, a técnica é convocada como instrumento fundamental para a desejável liberação do nível do solo, a favorecer a diversidade das manifestações artísticas e culturais que o Museu irá catalisar. Cria-se assim um espaço central coberto e qualificado com trinta e cinco metros de vão livre, a congregar as principais funções publicas e acessos ao edifício.
Propõe-se uma estrutura composta por lajes nervuradas em concreto armado com protensão de vigas-faixa transversais sustentados em seu perímetro por quatro pontos de apoio. A esse sistema superpõem-se no nível da cobertura vigas longitudinais em perfis metálicos soldados que permitem atirantar a porção central dos pavimentos inferiores. Outro conjunto de vigas transversais faz o suporte superior dos painéis de vedação externos, reforçado a independência construtiva e a constituição tectônica desses elementos.
A ação que promove a ocupação do terreno busca ainda garantir a preservação da vegetação existente, principalmente dos exemplares de maior porte. Para isso, fez-se a separação das áreas de exposição e de apoio técnico em subsolo a partir do reconhecimento de um conjunto de três árvores cuja preservação entendia-se como desejável, orientando o desenho cuidadoso dos arrimos. Ainda pela premissa de preservação integral dessa vegetação, fez-se opção pela redução da ocupação da porção superior do edifício em relação aos afastamentos permitidos.

IMPLANTAÇÃO



 TERREO

1º ANDAR


 1º SUBSOLO
2º SUBSOLO



 3º SUBSOLO

 2º ANDAR

 3º ANDAR

 4º ANDAR



O ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS DE USO: O EDIFÍCIO E O ESPAÇO PÚBLICO
Ao se considerar a função social do museu contemporâneo, há que se privilegiar a criação e manutenção do espaço público como suporte para a troca, o encontro, a conciliação das diversidades e o estimulo à vida social e às práticas da tolerância.



 Esta proposta busca reforçar o caráter publico e aberto pretendido para a instituição e marcar afirmativamente a presença do Museu da Tolerância no Campus da Universidade através de um amplo espaço público de transição e acolhimento situado ao nível térreo. A promover a ampla liberação do terreno, protegendo e qualificando o nível de chegada, eleva-se a porção superior do edifício acima do solo, definindo, assim, uma plataforma coberta que recebe o pedestre e orienta os fluxos aos diversos itens do programa com clareza e simplicidade. Tratada como continuidade do espaço publico e com o mínimo de obstáculos físicos, esta plataforma-praça reforça o caráter democrático e a total permeabilidade do edifício e das atividades que nele se desenvolvem.
O desenho dessa praça coberta propõe a reconstrução da topografia e a conciliação das diferenças de nível no terreno em sua maior dimensão. Convertida em espaço gregário, amplo e desobstruído, ela reúne os ambientes de caráter mais publico, a saber: cinema, restaurante, loja e acessos aos demais espaços. A partir dela organizou-se o programa de necessidades buscando tornar clara distinção entre os espaços de estudo e aprendizagem, elevados da plataforma de acesso, e os espaços destinados às exposições museográficas, situados em subsolo. Esta organização almeja a melhor correspondência entre usos e espaços propostos, privilegiando as melhores condições de insolação, ventilação natural e vistas significativas para os ambientes de trabalho ou que demandam permanência prolongada, como biblioteca, laboratórios, administração, coordenação, auditório e salas de aula.
Modo oposto, a necessidade do controle estrito da iluminação, dos ruídos e da climatização artificial, orientou a disposição dos ambientes de exposição em local confinado. Para esses espaços, foram pensadas grandes áreas livres, a permitir maior liberdade e flexibilidade na montagem de exibições temporárias e permanentes. Favorecendo essa concepção, foi proposta a integração dos espaços de apoio e serviço em área adjacente, concentrando os núcleos de instalações sanitárias, circulação vertical, vestiários, copa, reserva técnica e montagem.
A concepção do edifício primou por garantir o acesso universal e irrestrito a todos os espaços que compõem o Museu da Tolerância. Para tanto, concorre a ordenação vertical do programa de necessidades em meios níveis favorecendo o uso de rampas acessíveis como principal elemento de circulação e articulação das funções do Museu. A partir dessa opção, diferentes atividades desenvolvem-se de maneira contínua e homogênea sem imputarem verdadeiras rupturas ou segregações aos espaços.
Optou-se pela interiorização dos ambientes de trabalho e estudo, favorecendo a concentração e a introspecção necessária ao bom desempenho das atividades produtivas. De maneira contrária, os espaços coletivos e circulações foram dispostos na periferia dos pavimentos, estimulando o convívio social e a fruição da paisagem do campus.
A demanda por estacionamento e local para carga e descarga foi solucionada pelo aproveitamento das áreas externas de recuo e pela disposição criteriosa das cinqüenta vagas solicitadas, de modo a garantir a preservação integralmente das árvores existentes e a permeabilidade do solo garantida pelo piso intertravado com grama. Também foi proposta baia para embarque e desembarque de veículos de turismo externa ao Museu e incorporada ao ponto de ônibus existente, o que exigiu seu redesenho.

O TRATAMENTO PLÁSTICO DOS VOLUMES E SUPERFÍCIES





Esta proposta para o Museu da Tolerância busca garantir a presença singular do edifício na paisagem através de sua diferenciação plástica em relação ao seu entorno imediato. Buscou-se essa diferenciação pela redução das massas construídas e desmaterialização do volume mais visível, correspondente ao bloco superior.
Foi opção, portanto, fixar o caráter estereotômico da base, conformando-a a partir de seções e cortes rigorosos sobre o novo solo criado, a definir os principais acessos e ocultar as maiores massas construídas. Modo oposto, a porção superior do edifício apresenta-se em solução tectônica de maior leveza, favorecida pela opção do vão livre central e redução das massas aparentes. Essas ações reforçam a distinção feita entre as áreas de exposição situadas em subsolo e ambientalmente controladas, dos espaços de trabalho e estudo, elevados sobre pilotis e dotados de iluminação e ventilação naturais.
Além da disposição de parte do programa edificado em subsolo, outras três estratégias compositivas foram conjugadas para obtenção do desejado efeito de redução das massas construídas, a saber: a valorização dos planos de vedação externos como elementos autônomos e independentes da estrutura portante do edifício; o seu prolongamento para além dos limites dos pavimentos, a eliminar arestas que pudessem sugerir um volume prismático; o fracionamento assimétrico desses mesmos planos em conformidade com os principais acessos à praça coberta; e, por fim, a opção pelo uso de um material mais claro, regular e com capacidade de transmitir parte da luz incidente ao interior do edifício.
Para compor os planos de fechamento externos, elegeu-se como elemento expressivo o mármore branco cortado em chapas de espessura controlada e fixado em quadros metálicos. Essa opção justifica-se pelas características singulares do material que permitem conciliar a necessidade vedação e estrito controle ambiental com a desejável iluminação do interior dos pavimentos pela luz filtrada pelo mármore. Concorreram ainda para a escolha deste material, a possibilidade de sua montagem a seco e a geração de uma epiderme contínua e homogênea. Para as vedações das interfaces sudeste e noroeste privilegiou-se o uso de panos contínuos de vidro liso e incolor a privilegiar a maior fruição da paisagem e melhor controle da luminosidade e ventilação dos espaços de trabalho e estudo.
Na porção oeste do terreno, propô-se um prolongamento das vedações laterais e cobertura do edifício em direção ao conjunto de árvores que se fez preservar. Essa solução, além de permitir a correção das proporções do edifício e de responder à necessidade de controle da incidência solar direta nos pavimentos superiores, configura um espaço de transição prolongado e coberto ao nível da praça publica.
O uso dos materiais construtivos em seu aspecto bruto, a dispensar o uso de revestimentos de qualquer natureza, pretende minimizar as operações de manutenção e melhor representar os ideais de simplicidade e honestidade arquitetônicas, imputando ao edifício sede do Museu da Tolerância o desejável caráter de permanência.

3 comentários:

  1. Fica diicil de compreender pois vcs Deveriam ter explicado cada imagem, ou seja, deveriam ter "lido" os cortes, as plantas, a implantacao.... Precisam apresentar o museu explicando-o

    ResponderExcluir
  2. Precisam apresentar o museu explicando-o.
    Estudem minuciosamente esse projeto para que tenham mais facilidade para desenvolverem a sua proposta

    ResponderExcluir
  3. Mas o museu escolhido apresenta grande potencial para esse aprendizado

    ResponderExcluir